quarta-feira, 31 de dezembro de 2008

Eterno.

E como ficou chato ser moderno.
Agora serei eterno.
Eterno! Eterno!
O Padre Eterno,
a vida eterna,
o fogo eterno.

(Le silence éternel de ces espaces infinis m'effraie.)

— O que é eterno, Yayá Lindinha?—
Ingrato! é o amor que te tenho.

Eternalidade eternite eternaltivamente
eternuávamos
eternissíssimo
A cada instante se criam novas categorias do eterno.

Eterna é a flor que se fana
se soube florir
é o menino recém-nascido
antes que lhe dêem nome
e lhe comuniquem o sentimento do efêmero
é o gesto de enlaçar e beijar
na visita do amor às almas
eterno é tudo aquilo que vive uma fração de segundo
mas com tamanha intensidade que se petrifica e nenhuma
[força o resgata
é minha mãe em mim que a estou pensando
de tanto que a perdi de não pensá-la
é o que se pensa em nós se estamos louco
sé tudo que passou, porque passou
é tudo que não passa, pois não houve
eternas as palavras, eternos os pensamentos; e
[passageiras as obras.
Eterno, mas até quando?
é esse marulho em nós de um
[mar profundo.
Naufragamos sem praia; e na solidão dos botos
[afundamos.
É tentação a vertigem; e também a pirueta dos ébrios.
Eternos! Eternos, miseravelmente.
O relógio no pulso é nosso confidente.
Mas eu não quero ser senão eterno.
Que os séculos apodreçam e não reste mais do que uma
[essênciaou nem isso.
E que eu desapareça mas fique este chão varrido onde
[pousou uma sombra
e que não fique o chão nem fique a sombra
mas que a precisão urgente de ser eterno bói
e como uma
[esponja no caos
e entre oceanos de nadagere um ritmo.

Carlos Drummond de Andrade.

domingo, 28 de dezembro de 2008

Frio.

Noite de Natal.Uma anciedade vem dominando o corpo o dia todo e de noite já completou o corpo inteiro.A vontade de escrever é engrandecedora.Todos os problemas em sua cabeça pulsam: a irmã nervosa, o tempo com a família, o ano que está por vir, escola,trabalho,curso, sua paixãozinha,indecisões nas escolhas.Então se apronta para escrever...Um berro vindo do seu quarto diz: Desliga tudo que eu quero dormir.A Porta abre e entra sua GRANDE IRMÃ que deita na cama e fica a olhar como se esperace que Susana saisse do quarto.Susana desliga tudo, levanta e beija sua irmã,pensando que assim poderia acalma-la,e sai do quarto que um dia foi seu, que agora é de seus pais, mas não pertence somente a eles mas a todos.Ao ultrapassar a porta do quarto sente uma angústia em seu peito.Vai para a cozinha e tenta terminar alguns projetinho.Se empolga a escrever mas a anciedade e angústia teimam em domina-la da ponta do dedo do pé até a cabeça.Seu coração dói, explode. O corpo começa ficar mole. Levanta e vai para sala procurar um sossego ,longe do barulho insuportável da TV. UFA! Agora estou livre,vou ler e relaxar!AH! Não consigo. A cabeça pesa, mil coisas giram na cabeça. Ah, não essa merda vai ter sair da minha cabeça!Brigando com sigo mesma soltou da boca varias palavras que sua mãe diria ser indecentes.Se chacoalha, se esfrega na parede ( Susana acredita que o frio da parede tem uma energia que a acalma), bate com os pés no chão, roda pela sala de braços abertos, chacoalha as mãos, que parece vibrar de tanta energia acumulada, conversa em voz alta com seus obsessores espirituais, o expulsam, Grita! Mas nada acontece. Admite sua loucura e sai para o quintal e olha um maço de cigarro ali, parado.O maço é de seu pai. Sem pensar muito acende um e traga.
Ahhh! Que alivio.....
No outro dia acorda as 11h, está sozinha em casa com seu sobrinho.Levanta-se do colchão jogado no centro da sala.Meio sonolenta ainda vai até a cozinha bebe água, e lava o rosto no banheiro,se olha no espelho, sente-se como se não existisse, enxuga o rosto e se arruma. Dá uma agenitada na casa, hoje ela não está tão animada assim.Liga o som e fica ali ouvindo música, relebrando os tempos planejando o futuro.Deitada, "existindo sem existir".Um aperto no coração começa a apontar,uma vontade morrer, deixar de existir.Desesperada com esses pensamento procura o telefone, oprimeiro nome que vem a mente é Glória. Glória? Por quê? Ela liga nimguém atende.Segundo nome.Vem a lembrança uma velha amiga, faz tempo que não a vê. Liga.
Oi!
Tudo bem?
Sim, queria te ver!
O que foi? Aconteceu alguma coisa? Sua irmã está bem?
Não, tá tudo bem só queria conversar.
OK! mas tem certeza que está bem? Vem aqui em casa mais tarde.
Estou indo!
É que eu vou sair, eu passo aí mais tarde.
OK!

A tarde inteira olhando no relógio, fumando cigarros no banheiro(Desde quando ela fuma? Não sei! Desde ontem acho.) escondido das crianças que brincam na sala,lendo e olhando o relógio.Tarde mais angústiante! 20h no portão ouve-se o grito: Susana! Ela corre abraça sua amiga.Escorre de seu corpo toda a tristeza, toda angústia, toda a impureza.

segunda-feira, 22 de dezembro de 2008

Lola.

Lola cheia de sacolas abre a porta do apartamento, entra e vai direto para cozinha, põe as compras sobre a mesa e direciona-se a janela da sala.Senta-se olhando para o o prédio a sua frente, onde há uma luz acesa. São 21:30 h, hora certa para ouvir a música. Lola sempre senta-se na janela e ouve a música de seu vizinho.Lola sempre pensa: O que será que ele esconde entre as quatro paredes daquele comodo tão pequeno?Por de trás das cortinas sua sombra parece tão misteriosa, segurando o violão, afinando-o, se preparando todos os dias para tocar a mesma canção e eu me preparo junto. Começou! A música entra pelos ouvidos delicadamente, como um beijo de criança,caminha até a mente e em partes é dividida.Parte flutua em direção a boca, saboreando palavra por palavra e saindo boca a fora.Outra parte sai violentamente se destribuindo pelo corpo frio que aos pouco vai se esquentando com a música.As mão ferventes se divertem ao longo do corpo morno e inquieto que se move ao tom do som das notas do violão.Sem perceber a música já percorreu o corpo todo. Com os olhos fechando o corpo vai esfriando ao longo das últimas palavras que saem de sua boca junto das que entram pelos ouvidos. Abrindo os olhos percebe-se estirada sobre a janela.Lola acaba de tomar seu atídoto ( a música) contra si.Ainda extasiada levanta-se e caminha até a cozinha pega suas sacolas, separa os mantimentos e prepara seu jantar.

quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

As incompetências da vida.

Remoendo-se, sem esperanças Ana tenta procurar em seu passado os momentos mais incríveis de sua vida. Tudo isso por causa de uma "declaraçãozinha" feita na formatura de seu curso por uma das garotas de sua sala. Depois de chorar, chorar e chorar mais um pouco acaba todo o momento despedida do dia. Em casa Ana põe-se a pensar em toda a sua vida.Que coisa, ela chegou a um título para tudo isso: As incompetências da vida.Primeira vez que Ana consegue dar título a algo. Deitada em sua cama o primeiro momento que vem a sua cabeça foi sua primeira "paixãozinha" de escola. Ana teve a chance de dar seu primeiro beijo no menino que ela mais gostava.Mas não, Ana recusou o pedido feito por ele,no ônibus quando voltava do passeio da escola.Depois sua segunda "paixão", essa foi forte.Na escola ela se apaixona por um garoto da sala de sua amiga.Um garoto diferente, Ana sentia algo nele que chamava muito sua atenção.Na porta da escola é anunciado "um dia de folga para os alunos",declarado por seu próprio grupo de amigos,ou seja,eles cabularam aula.Decidem então, ir para o apartamento de seu "amado".Três pequenos cômodos que eram ocupados por seus amigo. A timidez de Ana não deixava ela expor seus sentimento, até que sua amiga vez tudo por ela, chamo-o de canto e disse que Ana gostava dele.Na cozinha seu "amado" toma-lhe aos braço e a beija. Nossa! Cena de filme, só faltava ele derrubar da mesa todo o café da manhã, ali posto por sua irmã, e dominá-la ali mesmo.Mas isso só ficou na cabeça de Ana , que vai embora do apartamento toda apaixonada.Em um dos passeios feitos pela dupla de casais, ela e o "amado" sua amiga e "conquistado", conquistado por uma longa história onde sua amiga faz de tudo para conseguir esse garoto, as garotas decidem apresentar os "namoradinhos" as mães. Ana mesmo sabendo que daqui um mês seu "amado" irá para outro país ela o apresenta para a família. Depois de uma semana entra as férias e seu "amado" some.Voltando as aulas recebe de seu amigo a notícia de que o "amado" daqui uma semana vai embora. Toda ressentida escreve uma carta para ele e manda via amigo.Um dia antes de sua viajem ele aparece na porta da escola.Toda feliz, Ana o beija indagando: Veio me ver? Sorrindo responde: Não vim trazer os livros da escola. Ana abaixa a cabeça.Ele diz ter lido a carta e que vai sentir muito a sua falta. O portão da escola abre, Ana tem que entrar. O amado pede para que ela folgasse hoje na escola, ela nervosa pelo sumiço dele diz que se quisesse vê-la aparecesse na saída da escola. No fim da aula, sai portão a fora procurando-o. Segunda incompetência no amor.A terceira foi rápida fácil de superar, seu garoto a substitui pelos estudos, disse que não tinha tempo pra ela e que precisava estudar para o curso.Agora, Ana tenta conquistar um carinha.. Quer dizer ela sabe que já o conquistou, só que não consegue se entregar a ele. O medo a consome. Faz tempo que não o vê, será que esse também fará com como todos. A família toda sofre com amores. Ana também sofrerá, por isso ela foge.Diz nunca se envolver tanto com os homens, eles não prestam! Namorar é loucura prende a pessoa a outra.
Hoje no curso ganhou uma rosa de um amigo do curso. Abraçando-a ele diz que a ama, que nunca irá esquecê-la. Ficam um bom tempo abraçados. Ana sente o coração dele pulsar forte como socos que atingem o seu coração. Em seu ouvido ele diz: Quem sabe um dia. Resposta: Não...
Brindo aqui uma parte da vida de Ana: A incompetência de dizer eu te amo!

Surge agora em sua cabeça a família. As frases que compunham o texto lido por sua amiga faziam eco em sua cabeça. O texto fazia homenagem aos pais que ali estavam presente. Vem a cabeça todas as vezes que Ana bateu de frente com seus pais. Chora, chora rios de lagrimas ao admitir a si mesma que estava errada a todo tempo, que ainda está errada ao se distanciar tanto de seus pais..Mas é o único modo dela se sentir bem,fora de toda essa tumutuação da vida, enquanto eles assistem a novela ela lê, escreve seus sentimentos, viaja até outro mundo.É o que lhe faz sentir bem por alguns segundos. Entrega a eles uma rosa, pensando assim estar entregando suas desculpas nas mãos dos provedores da sua alma e corpo.
Hoje Ana voltou a ser criança de novo. Fez pipoca pa seu sobrinho, como antes quando ficavam sozinhos e na sala sentavam no sofá e comiam juntos assistindo TV. Sentiu falta de toda a sua infância, das brincadeiras com sua pequena inspiração de vida, quando ela dizia a ele: Viverei para ti, para te ver crescer e ser um grande homem. Seu sobrinho era a razão da vida. Que coisa, percebo que tudo muda nessa vida. O anjinho que compreendia a todos, agora é quem chega a casa dizendo grandes verdades na cara de todos, sem pensar, e agora nem se lembra mais quais são as razões de sua vida.
Depois de 7 anos Ana está na frente de uma das grandes janelas de seu prédio, comprou faz pouco tempo alguns meses, olhando além dos prédios a frente procura um princípios, o que lhe fez, o que te completa. Volta, vasculhando em sua mente momentos da sua vida, lembraças importante, pessoas que a fazem, que a compõe.
Brindamos agora a sua incompetência de amar!

domingo, 14 de dezembro de 2008

Vou lhe contar o caminho...

A mesa branca que está ali a sua frente a seduz de um modo inevitável.Em sua mão possui um lápis que pede,quase exige para que ela escreva nessa mesa de colégio limpa e sem nenhuma manchinha. Sua mente a mil, viaja sem ouvir nenhuma palavra dita pelo professor, a única coisa que chama atenção é a mesa branca.Não conseguindo se segurar ela começa a escrever nas beras da mesa, para assim não sofrer o "puxão de orelha" de sua amiga, por rabiscar seus verso naquela branquice plana ali a frente. Mas sem perceber já tinha "rabiscado" toda sua mesa ao longo dos pensamentos rápidos que passavam por sua cabeça que hoje pesava tanto.Deita-se sobre os braços começando a ler o que acabou de escrever :
Bombas explodem.
O mundo se transforma.
Viajo em busca de um lugar onde tudo ocorra normal.
Onde as pedras não flutuem e o céu não caia sobre nossas cabeças.
Tudo é tão longe.
Mas o que buscamos está aqui dentro.
Como arranca-lo?
Leva-lo para longe, ao mundo dos estranho.
Minhas mãos estão alcançando, mas existe algo que me puxa, me leva de volta e vira de novo tudo o que era.
O caminho é tão longo que pareço nunca alcança-lo.
Minhas mãos estão perto.
Algo falta para chegar no lugar certo.
Uma parte está pedirda no céu que cai sobre nossas cabeças.
Tudo está caindo sobre mim, sobre vocês.
Quando eu conseguir alcançar não somente com as minhas mão , mas com todo o meu corpo principalmente minha mente voltarei para lhe contar o caminho.

Mas hoje não é como um desse dias que se passam na escola, onde nas aulas irritantes de inglês ela se desabafa no primeiro espaço branco que vê.Hoje o dia foi desinteressante.Sua cabeça pesada tenta mostrar a todos um texto que ela escreveu,faz mil e um planejamentos para esse seu grande texto escrito a um dia atrás. Mas hoje o que lhe preoculpa tanto é essa incerteza da vida. Suas palavras não saem, seus dedos não seguram o lápis e as páginas brancas de seu caderno não instigam a escrever uma palavrinha.Seu único prazer hoje é pensar e ler um livro interminavel.Sua capacidade é tão pequena que nunca termina de ler um livro.Seu desespero é tão grande que escreveria em toda a parede branca do quarto de seus pais, pois o seu quarto é azul. Azul não lhe chama atenção, parece já ter sido preenchido.O som da música que toca na sala de sua casa, faz sentir em seu coração um grande aperto, parece que alguém amassa com força seu coração pulsante de angústia. Uma dor que ela gosta de sentir. Esse sentimento só trás esse prazer por vir de uma das músicas que ela mais gosta, que lhe faz viajar a mil. The End, The Doors. Engraçado, a vida dela é formada por músicas.As músicas fazem sua vida, pra cada momento ela pode oferecer um refrão. Agora se embestou a procurar novos horizontes. Acha estar muito presa ao grande rock'n roll.Procura ouvir mais MPB, Chico Buarque, Djavan, até alguns sambas de um certo amigo.Mas essa música que toca na sala, é a única que leva muito além, meche com o seu interior, revela alguém que ela não conhece.Não quer descobrir. Só reconhece quando põem-se a beber com os amigos e ouvir o "grande e velho rock'n roll".Nesses dias que ela tem parado para pensar vem um grande medo dela morrer sozinha.Pensa que quando se desfazer dessa vida cercada por seus pais,poderá acabar em um prédio no centro da cidade deitada em sua cama entre quatro paredes brancas, onde a cada dia ela preencheria uma parte da parede com seus versos impuros, cheios de indignação com sigo mesma.Sendo a mesma menina de sempre.

sábado, 13 de dezembro de 2008

ANINHA.

Entre quatro paredes.Imensas quatro paredes brancas encontra-se deitada uma mulher em uma cama de lençóis brancos e limpos, que ainda cheiram ao perfume suave do amaciante usado ontem. Encolhida como um feto. Os joelhos, a cabeça e os cotovelos se encontram em um ponto. O centro da cama. Sobre sua cabeça pesa uma grande pedra que a comprime entre o colchão e os lençóis. Seu corpo perde-se junto.Não há como distinguir seu corpo entre a camisola e os lençóis brancos.As únicas partes que se aliviam são as mãos.Mão de unhas vermelhas e roídas,que procuram alguma parte do corpo entre os panos brancos que ali se perdem e reencontram.As mãos encontram um vão, puxam com uma certa aflição e encontram seus cabelos.Os acariciam, e vão se deslizando encontrando as orelhas, percebem então ter chego ao nariz e a boca. Uma das mãos se perde entre o corpo e a outra continua a acariciar o rosto, tentando assim retirar a pedra sobre sua cabeça.
Um vento frio,como um sopro de alívio,passa entre os lençóis arrepiando sua pele, de uma forma que a acalma.Um feixe de luz entra pela porta, clareando seu rosto. Passa as mãos pelos olhos, os abre e começa se espreguiçar pelos braços,pernas, virando de um lado para o outro. Pára, olha para um ponto fixo do teto.Passa trinta segundo lembrando que HOJE É O SEU GRANDE DIA. De sua boca saem os números: Um, dois, três, quatro, cinco, seis.... Enquanto em sua mente ecoa a frase: Hoje é o seu grande dia, hoje é o seu grande dia a cada intervalo dos números contados.
Senta-se na cama, seus pés ainda mornos e descalços sentem o frio do azulejo. Levanta-se olhando para a caixa de sapato entre a cama e criado-mundo,segue até eles pegando a caixa e colocando-a em cima do criado-mudo. Ela se pergunta por que criando-mudo? Se todas as vezes que se olha no espelho do tal criado-mudo ele a repele de tanto que fala sobre ela. Passa o pente entre os cabelos pretos e grossos. Pelo espelho vê a porta que está entre aberta. Pega sua caixa de sapatos e caminha até a porta pegando na maçaneta. Com seu corpo meio que fora e dentro do quarto. Seu pé para fora, mas o resto do corpo para dentro. Vê a enorme praça que há do lado de lá, a neblina que cobre as enormes arvore-choronas e o chão ladrilhando. Sai de seu quarto e segue a atravessar a praça. Andando com os pés descalços sobre o ladrilho percebe entre eles uma pequena flor roxa. Olha para si e percebe que não está perfeitamente arrumada, sua camisola branca está tão crua, seu corpo se perdia diante a neblina. Pega a flor, põe sob sua orelha e entre um pouco de cabelo, e segue assim sua jornada. Ouvia som de risada e uma leve música circense. Crianças riam ali por perto. Corre ao encontro do som que vem de entre as arvores. Sorrindo corre, gira até ficar tonta e cai deitada sobre um mato escasso. Ali, passa alguns segundos ouvindo o som se afastar. Levanta olhando para o chão. Percebe os rastros das crianças junto a marcar de rodas de caminhonete dos palhaços. Eles voltaram para o ladrilho. Seguindo as marcas dos pequeninos pés volta ao ladrilho entre aquela neblina que começa a reduzir. Assim, ao longe, consegue ver o fim das crianças pulando, e a traseira da caminhonete enfeitada. Ouvem-se somente os sons da música e a risada das crianças. Apressa seus passos para chegar até eles. Cada vez mais rápido mais rápido. Quando se vê já está correndo e a música vai se apossando de seus ouvidos. Depara-se com um grande portão e um arco enorme envolvido por panos azuis e vermelhos. Encanta-se com a linda decoração que fizeram no cemitério da Vila. As crianças brincam entre as sepulturas que estão também enfeitadas por balões. O chão está todo cerrado por confetes que são jogados pelos palhaços sentados na traseira da caminhonete. Todos estão lá. Os Palhaços das Grandes pernas de pau, os sorridentes, os tristonhos e as crianças com seus balões coloridos. Quando percebe já está entre todos. Com as crianças brincando, entre as pernas de pau do palhaço que passa sobre ela, cantando as canções e seguindo junto as eles a caminhonete de Sr.Ademir, o palhaço que ela mais adorava.A caminhonete linda, toda pintada de azul e vermelho, está parando. Aos poucos vai-se descendo o caixão,ou caixonete como dizia seu Sr. Adermir: “...Os palhaços não se enterram em caixões, minha princesa, e sim em pequenas caixas eles se guardam. As caixonetes ...”E assim foi feito, via-se a caixonete de Sr. Ademir , colorida como ele queria, descendo da caminhonete em direção a terra. Todos ali reunidos envolvem-se ao redor da caixonete.Cada um põem um objeto junto de Sr.Adermir. É fechada a caixa. Aos pouco vai-se sumindo os palhaços, as crianças os balões.... Sobra-se somente Aninha, sentada em seu banco favorito da praça, olhando o luar e a sua caixa de sapato.