domingo, 2 de agosto de 2009
OS PÉS
quinta-feira, 23 de abril de 2009
Bolinho de carne.
Ana é um bolinho de carne que veio de longe,rolando, rolando e entrou no ônibus, sentou no banco reservado para idosos e seguiu seu caminho até aqui, este local que nos encontra.
Ana não era um bolinho de carne, foi os dias decorridos de sua vida que a fez assim;foi amassada,empurrada, torcida , moída e enxugada de todas as suas virtudes.Mas a cada segunda e terça Ana tenta recuperar-se dessa metamorfose que vem ocorrendo durante os anos.
O bolinho, Ana, se posiciona e assim começa a reavivar alguns montinhos carnudos. Aos poucos vai se despertando as parte que ela vai cutucando com curiosidade, de pouquinho a pouquinho Ana vai fazendo novas descobertas.Como um fruto vão nascendo do bolinho algumas protuberâncias que se transformam em pernas, braços, tórax, bacia e finalmente a cabeça, a parte mais utilizada, só que forma desajeitado. Agora formada por um corpo, Ana, o explora, tentar conhecer parte inexploradas, por ela, brinca com a respiração, cria raízes, vira arvore e flui entre todos.Agora que, corporalmente, ela não é mais bolinho quer usufruir deste corpo novo, nascido ainda hoje.Mas, lhe disseram que o corpo é somente uma ferramenta de trabalho, que o essencial está mais adentro, e só descobriremos caso nos voltemos somente a ele.Na cabeça de Ana passou um furacão.Ela olhava o corpo existente, alo, sabia que ela fazia parte dele, mas ainda se sentia bolinho de carne a rolar, só que com pernas e braços. A frente de uma porta Ana parou, se fez concentrada, percebeu se seu corpo estava inteiro e em ordem.Seu corpo fluía, como a chama da vela.Olhou para dentro da porta e ultrapassou a linha que dividia o externo, corpo matéria, para o interno, mente e alma.Sentiu ali uma angustia, alívio, coração palpitante, acalmou-se e caminhou até o centro da sala onde estava a cadeira e sentou, ali se deparou com os olhares dos companheiros bolinhos de carne, foi o momento de mais tenção, sua cabeça pulsava a milhão, pensamentos sobre a vida, repressão de sentimento, de procura...O corpo parecia ser alfinetado por cada olhar vindo das bolinhas sentadas no chão.Coitada de Ana, mal sabe ela que quem está a fuzilá-la com o olhar é ela mesma.Ana se alto flagela ao se voltar para dentro dos seu pensamentos, ao invés de sentir o que é ser Ana.As autocríticas , conceitos e preocupações vem a tona na cabeça corroendo a chama que estava a fluir.O momento se acaba, ela levanta e segue o caminho para a rua. Ao colocar o pé direito para fora Ana volta a ser bolinho, perdendo as pernas, braços e cabeça, virou novamente as carninhas atrofiadas que rolam e rolam de volta para casa.
sábado, 28 de março de 2009
A procura do fim do presente.
quarta-feira, 14 de janeiro de 2009
Um novo posto.
Corri, e percorri tudo
a procura de algo que nem conhecia
comecei então a fugir daquilo que eu nem sabia se existia.
O encontrei.
Ele estava dentro de mim.
Não entendia o que acontecia aqui dentro.
Perguntei a todos, ninguém respondia.
Parecia que meus ouvidos estavam cheios de ventos zunzunado,
impedindo de ouvi-los.
Novos dias sem dormir,
andando a procura das respostas.
Perguntava a todos,
ninguém me respondia!Ninguém!
Isso me deixava cada vez mais insensato.
Com todo esse inrreconhecimento próprio paro aqui,
a frente dessa imensidão de areia.
Ao longe começo a ouvir um som diferente,
um som que de primeiro ato parece-me familiar.
Ah!Há tanto tempo só ouço o zunzunar do vento.
Mas não era o mesmo som.
Sim! Era o som do mar .
A tanto tempo não o ouvia assim.
Sentei-me então aqui,
para apreciar essa bela visão e explendido som.
A paixão pelo som se tornou imprescindível e agora crescera a admiração pelo mar.
Sentado aqui, espero que o mar venha me buscar.
Enquanto isso leio meu livro e escrevo sobre o que vejo.
Sabe o engraçado?
Um dia desses... Ah! notei até aqui em meu caderno.
10:15h Mulher vestida de branco.
As vezes parece que o mar está brincado com agente, quando temos medo ele vem até nós para nos assustar, com aquela ondas, e quando o queremos pertinho foge como uma rapariga assustada.
Engraçado.
Isso me leva a pensar.
São três anos aqui
esperando que o mar venha me buscar
e ele nunca tocou nem meus pés.
Conversei horas com aquele belo rapaz.A noite chagará tão rápido que nem tinha percebido.
Uma canga estendida sobre a areia da praia, beira mar, sobre esta, um livro, canetas e um caderno. A sobrevivência de sua alma foi composta por esses intens aqui sentados.Se alimentava de cada palavra entre as linhas do livro, os digeria e lançava a caneta sobre o caderno. Dias e dias ali, esperando que o mar o alcançasse e o levasse junto dele. Fazer parte das ondas, ser ela, sentir sem pudor o corpo de alguém se banhando em seu corpo-mar. Mas o mar não chega nem a tocar as pontas de seus dedos.
Ser a areia que massagei os pés de outrem, ser o castelo erguido pelo pequeno garoto, e destruido pelo adulto inconcequente, a areia que esconde as mais belas concha que por sua vez são enviadas pelas belas ondas do mar.
Ser então,o vento! O vento provocante que levanta a saia, bagunça o cabelo e acaricia o rosto da linda morena e depois rouba-lhe um beijo, para assim seguir seu caminho entre a imensa praia vibrante de desejos.
Foi assim que li em seu caderno, que ficará comigo.Depois que ele sumiu entre a imensidão do mar que finalmente o engolia, sentei-me, e ali fiz meu novo posto.
segunda-feira, 12 de janeiro de 2009
A dificuldade de Definir.
Antes de me ver com as mão sujas, com manchas pretas da tinta vinda do canetão que tenho escrito em todas as paredes de meu quarto, possuia em minha mão um livro, branco como as paredes, o li, e em minha mente só borbulhava as palavras"...E, ou fosse um certo adormecimento cerebral produzido pelo rolar monótono da diligência, ou fosse a debilidade nervosa da fadiga, ou a influência da paisagem escarpada e chata, sobre côncavo silêncio nocturno, ou a opressão da electricidade que enchia as alturas, o facto é que eu – que sou naturalmente positivo e realista – tinha vindo tiranizado pela imaginação e pelas quimeras. Existe no fundo de cada um de nós, é certo – tão friamente educados que sejamos – um resto de misticismo; e basta às vezes uma paisagem soturna, o velho muro de um cemitério, um ermo ascético, as emolientes brancuras de um luar – para que esse fundo místico suba, se alargue como um nevoeiro, encha a alma, a sensação e a ideia, e fique assim o mais matemático, ou o mais crítico, tão triste, tão visionário, tão idealista – como um velho monge poeta..." Eça de Queiroz. Isso me fez escrever em tudo preenchendo cada espaço que pudesse da branquice das paredes.Não gosto de cadernos eles limitam o escritor, a folha acaba tenho de pular para outra linha até que eu me lembre de escrever o que pensava já me esqueci de tudo que ainda nem tinha pensado, as paredes não, posso escrever infinitamente sem interrupções,tirando algumas elevações, mas elas me servem de inspiração em algumas horas e nem tudo é perfeito. sem perceber já preenchi uma parede inteirinha das quatros estou a preeencher metade da que fica a esquerda! Ah! O que me preoculpa agora é quando acabarem as paredes do meu quarto, o que farei?
sexta-feira, 2 de janeiro de 2009
Prédio visinho.Terceiro andar.
Lola levanta da cama, lava o rosto e caminha até a cozinha.No pé da porta a multa da noite passada, por importunar os viznhos.Dia ótimo! Multa... O que mais pode me acontecer?- se pergunta abrido a geladeira.-Ah! Não tem leite.Obrigada Deus!Lola se arruma e desce até a padaria.Na fila um homem a sua frente lhe chama atenção, moreno, meio forte ombros largos.Eu o conheço de algum lugar..Da onde?-se pergunta em pensameto.- Já sei! É o músico do terceiro andar.
LOLA:Olá! Você é do prédio B né! Mora no terceiro!
MÚSICO:Sim...
LOLA (sorrindo): Menina sapeca aquela que estava ontem no seu apartamento!Me custou uma multa...Mas linda!
MÚSICO: Não tinha nenhuma garota no meu prédio ontem!
LOLA:Não?
MÚSICO:Não,acho que você se enganou.
Sem saber o que tinha acotencido no dia passado Lola se emcaminha até seu apartamento.Entrando na sala em cima da mesinha de centro estão localizados as três caixinhas de birimbinhas, pega-as e senta-se no sofá a frente.Com as perna encolhidas junto ao corpo passa o dia ali sentada olhando para a janela tendando entender o que se passou se era ilusão, uma paranóia sua, não entendia.Aos poucos foi se caindo o corpo sobre o sofá e os olhos foram fechando. A sua frente se encontra a garotinha chamando-a, feliz, correndo, pulando, chamando-a para que a acompanhe.Lola não consegue resistir parece que aquela menina lhe traz algo que nos dias comuns lhe falta. Quem é ela? Quem é ela? Lola se pergunta varias vezes. Mas aos pouco Lola não resiste mais as perguntas, vão se perdendo ao londo que segue a garotinha para o meio do parque, o sorriso domina seu rosto quando se encontra por inteira com a garotinha, se dão as mãos e seguem assim a caminhada.
quarta-feira, 31 de dezembro de 2008
E como ficou chato ser moderno.
Agora serei eterno.
Eterno! Eterno!
O Padre Eterno,
a vida eterna,
o fogo eterno.
(Le silence éternel de ces espaces infinis m'effraie.)
— O que é eterno, Yayá Lindinha?—
Ingrato! é o amor que te tenho.
Eternalidade eternite eternaltivamente
eternuávamos
eternissíssimo
A cada instante se criam novas categorias do eterno.
Eterna é a flor que se fana
se soube florir
é o menino recém-nascido
antes que lhe dêem nome
e lhe comuniquem o sentimento do efêmero
é o gesto de enlaçar e beijar
na visita do amor às almas
eterno é tudo aquilo que vive uma fração de segundo
mas com tamanha intensidade que se petrifica e nenhuma
[força o resgata
é minha mãe em mim que a estou pensando
de tanto que a perdi de não pensá-la
é o que se pensa em nós se estamos louco
sé tudo que passou, porque passou
é tudo que não passa, pois não houve
eternas as palavras, eternos os pensamentos; e
[passageiras as obras.
Eterno, mas até quando?
é esse marulho em nós de um
[mar profundo.
Naufragamos sem praia; e na solidão dos botos
[afundamos.
É tentação a vertigem; e também a pirueta dos ébrios.
Eternos! Eternos, miseravelmente.
O relógio no pulso é nosso confidente.
Mas eu não quero ser senão eterno.
Que os séculos apodreçam e não reste mais do que uma
[essênciaou nem isso.
E que eu desapareça mas fique este chão varrido onde
[pousou uma sombra
e que não fique o chão nem fique a sombra
mas que a precisão urgente de ser eterno bói
e como uma
[esponja no caos
e entre oceanos de nadagere um ritmo.
Carlos Drummond de Andrade.