Ana é um bolinho de carne que veio de longe,rolando, rolando e entrou no ônibus, sentou no banco reservado para idosos e seguiu seu caminho até aqui, este local que nos encontra.
Ana não era um bolinho de carne, foi os dias decorridos de sua vida que a fez assim;foi amassada,empurrada, torcida , moída e enxugada de todas as suas virtudes.Mas a cada segunda e terça Ana tenta recuperar-se dessa metamorfose que vem ocorrendo durante os anos.
O bolinho, Ana, se posiciona e assim começa a reavivar alguns montinhos carnudos. Aos poucos vai se despertando as parte que ela vai cutucando com curiosidade, de pouquinho a pouquinho Ana vai fazendo novas descobertas.Como um fruto vão nascendo do bolinho algumas protuberâncias que se transformam em pernas, braços, tórax, bacia e finalmente a cabeça, a parte mais utilizada, só que forma desajeitado. Agora formada por um corpo, Ana, o explora, tentar conhecer parte inexploradas, por ela, brinca com a respiração, cria raízes, vira arvore e flui entre todos.Agora que, corporalmente, ela não é mais bolinho quer usufruir deste corpo novo, nascido ainda hoje.Mas, lhe disseram que o corpo é somente uma ferramenta de trabalho, que o essencial está mais adentro, e só descobriremos caso nos voltemos somente a ele.Na cabeça de Ana passou um furacão.Ela olhava o corpo existente, alo, sabia que ela fazia parte dele, mas ainda se sentia bolinho de carne a rolar, só que com pernas e braços. A frente de uma porta Ana parou, se fez concentrada, percebeu se seu corpo estava inteiro e em ordem.Seu corpo fluía, como a chama da vela.Olhou para dentro da porta e ultrapassou a linha que dividia o externo, corpo matéria, para o interno, mente e alma.Sentiu ali uma angustia, alívio, coração palpitante, acalmou-se e caminhou até o centro da sala onde estava a cadeira e sentou, ali se deparou com os olhares dos companheiros bolinhos de carne, foi o momento de mais tenção, sua cabeça pulsava a milhão, pensamentos sobre a vida, repressão de sentimento, de procura...O corpo parecia ser alfinetado por cada olhar vindo das bolinhas sentadas no chão.Coitada de Ana, mal sabe ela que quem está a fuzilá-la com o olhar é ela mesma.Ana se alto flagela ao se voltar para dentro dos seu pensamentos, ao invés de sentir o que é ser Ana.As autocríticas , conceitos e preocupações vem a tona na cabeça corroendo a chama que estava a fluir.O momento se acaba, ela levanta e segue o caminho para a rua. Ao colocar o pé direito para fora Ana volta a ser bolinho, perdendo as pernas, braços e cabeça, virou novamente as carninhas atrofiadas que rolam e rolam de volta para casa.
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